segunda-feira, 16 de maio de 2016

Fome, o sistema operacional da Terra


Cá estamos. Perdidos e envoltos no manto do tempo.

Este que nos permite existir por determinado e limitado espaço.

Sim, somos perenes... Cegos transeuntes, incapazes de decifrar nossas origens, quê, compreender nossos destinos.

Envoltos pelos véus da ilusão, distorcemos realidades e procuramos razões que justifiquem o manicômio onde vivemos e passamos nossos tempos...

Seres que procuram satisfazer o desejo. Presos e escravos do anseio primordial, a fome!

Sim... Ainda que nossos desejos ocultos se disfarcem, somos predadores desesperados por realizá-los.

Todo desejo provém de um cerne inicial, que se baseia na própria sobrevivência.

Ainda que hoje não seja necessário caçar, já que os alimentos se encontram dispostos nas extensas prateleiras dos supermercados, não deixamos de mata-los ...

O corpo humano exige alimento e essa fome incessante e ininterrupta nos mantém vivos e reféns.

Escravos da fome e do existir...

Há de se atentar para o olhar comum. De se sentar frente ao mar e se deixar devanear pelas constantes ondas que batem nas praias, sem entender que por detrás dessa movimento, debaixo das águas, a vida incessante luta para viver e mata para se manter...

E essa simples constatação nos foge à razão. Humanos que somos, procuramos respostas sem antes compreender nossas próprias limitações.

Nesse imenso continente territorial, onde podemos respirar e interagir, estamos dominados pelas águas... Águas de um ser incessante e poderoso, que além de nos prover de alimentos, também nos permite nos locomover ao redor de seu quase infinito de águas salgadas.

Mas, uma vez que o primordial desejo “fome “é saciado, partimos então para os demais... desejos incessantes e infinitos, que procuram incansavelmente a chance de se realizar...

Desejos da matéria, do poder, do ego!

E aí, o homem já cego pelos desejos primordiais, mais uma vez fica cego pelo desejo do consumismo exacerbado, que não encontra limites e mais uma vez o controla.

Talvez seja esse o nosso destino. Consumir para depois sermos consumidos. E entre essas inconstantes etapas, vamos criando vínculos emocionais... Estes que acabam por trazer algum sentido à nossa existência... O amor...

Até que ponto possuímos a consciência de que estamos de passagem? Oriundos de um útero rumo à um túmulo... Tendo que amar, e ao mesmo tempo aprender a dura arte de desapegar...

Quanta contradição sem explicação!

Qual sistema te pertence planeta inconstante? A fome que dilacera e acalma... O desejo que nos leva à loucura... Até ser saciada?

E a fome tem saciedade?

E nesses breves devaneios, a humanidade segue. Embebida nos vinhos e nas artes. Na inconsciência atemporal de nossa verdadeira realidade.

Será tudo isso cruel ou um mero ponto de vista? Onde a grande mãe terra provém e retira, comanda e nos inspira a saciar a nova fome que certamente virá... E sempre virá... e sempre virá... até que...

Sejamos consumidos pelo nosso fim. Pelo dia em que encerramos essa trajetória por essa terra bravia e cheia de possibilidades....

Será esse nosso fim?

Será?

Talvez... E muito provavelmente não teremos respostas, e sim mais perguntas...

E ai... a engrenagem move o mundo e a fome...

Movendo a terra que nos nutre e nos consome.




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