quinta-feira, 19 de maio de 2016

Observadores observados



Ninguém sabe ao certo a quantos milhares de anos o Homo sapiens vagueia por esse planeta, mas sabemos que nossa espécie caminha rumo a uma contínua evolução. Seja ela pelo aprimoramento de ferramentas domésticas, pelo manuseio do fogo, pela construção de cabanas; o homem foi saindo de dentro da mata para o que hoje chamamos cidades.
De uma certa forma me parece irônico esse movimento de migração, já que tudo que precisamos para sobreviver, permanece na própria natureza.
Quem quer que seja que nos projetou, pensou exatamente em uma forma de sermos capazes de sobreviver.
Nosso planeta dispõe de tudo que necessitamos: árvores frutíferas, animais, vegetais, minerais, água potável, uma terra que funciona como um berçário, onde plantamos e colhemos. Dessa forma, vamos conseguindo sobreviver ao longo dos séculos e por alguma razão curiosa, nos distanciando do lado animal que um dia fomos.
Não podemos assegurar que isso signifique evolução, mas significa uma mudança de status ...
Ironicamente o ser humano se tornou o dono do planeta, apesar de continuar completamente subordinado às suas leis naturais.
Não há duvidas de que estamos no topo da cadeia alimentar. Dispomos de um polegar opositor e cérebros capazes de criar meios e ferramentas. Estas que acabaram por aprisionar e escravizar os animais.
Tão pouco somos culpados, assim como o leão não tem culpa de seu instinto assassino. Esse é o nosso instinto. Faz parte da natureza.
De uma certa forma somos seres dotados de um chip, que nos programou para sermos assim... Se esse mesmo chip nos permitiu ter consciência de nossa própria existência, também nos deu a capacidade de nos superar.
No entanto, apesar de nossa capacidade intelectual, somos observadores da experiência de sermos nós mesmos. Criaturas em processo de desenvolvimento.
Se isso tudo faz parte de uma tentativa, somos as cobaias mais conscientes que já se ouviu falar...

E essa consciência não cessa. Basta olharmos para o passado da humanidade, para constatar como o ser humano supera suas adversidades em busca de aprimoramento. Seres capazes de atuar nas mais diversas áreas de conhecimento, com uma imaginação altamente criativa e operacional.
Essa busca por aprimoramento é tão natural, que muitas vezes nos faz esquecer de que somos meros mortais, imersos em um planeta de mistérios...
Sequer sabemos quem nos criou e muito menos para onde vamos, se é que vamos para algum lugar...
Por não sabermos disso, somos suscetíveis, carente de algo que nos explique a razão e o propósito de nossa existência.
O Homem precisa de algo em que acreditar, ainda que seja nele mesmo.
Ao longo da história humana na terra, diversas civilizações ao mesmo tempo, sem ter consciência uma das outras, criavam ritos, mitos, seitas... Uniam-se ao redor do fogo, cultivando e agradecendo o divino, a natureza, o mistério....
Não somos diferentes de nossos ancestrais.
Podemos ter mais ferramentas, descobrir a cura de diversas doenças e com isso prolongar nossas vidas, mas continuamos sem saber o grande mistério de nossa existência.
Nossa ignorância tem algum propósito?
Sinceramente acho que sim...
Talvez estejamos fazendo a perguntas erradas. Talvez a questão não seja nossa importância, e justamente o contrário...
A criação consciente de sua existência, quer ter importância. Uma vez que ela despertou para sua existência nasceu o Ego. E a natureza do ego é ser especial...
Me pergunto se não é essa a grande charada?
Se pararmos para pensar, estamos sentados em embaixo de todas as respostas... O céu é um grande mapa!
As civilizações antigas como os egípcios, se basearam nas constelações para criar grandes centros de energia, das quais ainda é um mistério...
Pouco se fala e muito menos se sabe. Mas não estaríamos fazendo as perguntas erradas?
Se pararmos para pensar somos nutridos por um planeta, que ao mesmo que nos provém, nos consome.
Nada sabemos sobre nossa origem, mas sabemos que teremos um fim.
A única resposta é que todos nós, independente de credos, cores, raças, espécies, todos nós iremos morrer.
E no entanto permanecemos presos a nossos egos, incapazes de perceber que a pergunta não se refere à nossa importância, e sim a nossa irrelevância... Somos engrenagens de um todo!
Quanto mais estivermos preocupados com nossa importância, menos aproveitamos a vida. O ser humano livre do ego entende a vida. Aceita as circunstâncias que o cerca e procura aprender com elas, do mesmo modo que uma criança olha curiosa para as novidades que surgem...
Não passamos de crianças curiosas, que precisam entender que viver nada mais é, do que a experiência de estarmos vivos!










Nenhum comentário:

Postar um comentário